queria que fosse amanhã...
tenho medo do futuro!!!
tenho saudades de ontem...
o tempo não anda para trás!!!
tem de se viver o presente...
o presente não me satisfaz!!!
8/20/2015
4/09/2014
aniversário
seria hoje o teu aniversário...
tantas saudades pai! que merda foi esta de teres partido tão cedo?
perdemos tanto tempo com a distância... o reencontro e depois isto? tinha mesmo de ser? onde está a justiça disto tudo??? temos tantas saudades do bubu das barbas...
mais uma vez, uma foto...
tantas saudades pai! que merda foi esta de teres partido tão cedo?
perdemos tanto tempo com a distância... o reencontro e depois isto? tinha mesmo de ser? onde está a justiça disto tudo??? temos tantas saudades do bubu das barbas...
mais uma vez, uma foto...
12/26/2013
9/28/2013
um ano
faz hoje um ano...
curioso estar a escrever o post no mesmo teclado em que tantas vezes martelavas o space por ele estar meio atrofiado...
mas era mesmo só para te dizer que temos saudades!!! a princesa diz que quer ir ver o bubu das barbas...
aquele abraço pai!!!
9/13/2013
6/11/2013
greve...
basta consultar o meu registo biográfico...
até hoje, praticamente todas!
ah e tal, os alunos! sim, pelos alunos é que fazemos greve! neste momento tenho um horário de 15 horas a 100km de casa. são só 15 horas... trabalhas pouco, dirão os mesmo de sempre. sim, são só 15 horas lectivas, semanas de fazer 800km (só deve dar 10 horas de carro), turmas em que mesmo na educação física os alunos não demonstram o mínimo de empenho!
chegámos ao fim do segundo período e os resultados da minha disciplina não atingiram as metas propostas e uma das minhas turmas foi debatida em conselho pedagógico, os resultados eram miseráveis!!!
estou farto!!! desta fantochada toda!!!
de escola para escola vê-se que basta o aluno trazer o equipamento para as aulas e ter um comportamento e empenho decentes para chegar a um nível positivo! onde estão os pais???
negativas a educação física?
é só o reflexo do estado a que isto chegou!!!
e isto só a propósito dos motivos da greve! para o ano estarei desempregado (provavelmente)! tenho mais de sete anos de ensino... sempre fui para todo o lado!
já tive muitas avaliações que me deixaram de lágrimas nos olhos! não as do ministério (essas servem para reclamar e fazer-nos sentir ainda mais pequeninos), mas as dos alunos! amadora, mação, lousada... para não falar das outras!!! por incrível que pareça, uma aluna chegou a dizer, "fez-me bem chumbar o ano passado, o director de turma afinal tinha razão"!
hoje saí de casa e peguei na primeira t-shirt do armário. chovia de manhã e nem me preocupei porque a dita cuja andaria tapada o dia todo. 100km depois estavam 25º e tive de a mostrar. correu mal (ou será que era mesmo de propósito?), era a da manif e dizia "deixem-nos ser professores"!!!
os concursos estão por aí... sou obrigado a concorrer a tudo o que é escola desde valença até miranda do douro. e se for falar no resto, ao país todo se quiser ter trabalho...
só pergunto uma coisa: o que digo à princesa maria???
3/03/2013
mas, desta vez quem foi?
desta vez foram os comunas???
desta vez foram os gajos do bloco?
desta vez foram os dissidentes do bloco e dos comunas?
ou foram só os sindicatos (claramente sob as ordens dos comunas ou do bloco)?
pera aí... vi lá a jamila!!! será que rasgou o cartão do ps?
pera aí... vi lá o pedro marques lopes!!! rasgou o cartão do psd?
não, não me apetece procurar alguém do cds-pp a participar, mas era só uma questão de trabalhar com o google...
vi lágrimas numa manif! será que esta merda não é o suficiente?
é que, ao contrário do que já digo, parece-me muito mais significativo haver lágrimas! será que será mais importante haver sangue?
desta vez foram os gajos do bloco?
desta vez foram os dissidentes do bloco e dos comunas?
ou foram só os sindicatos (claramente sob as ordens dos comunas ou do bloco)?
pera aí... vi lá a jamila!!! será que rasgou o cartão do ps?
pera aí... vi lá o pedro marques lopes!!! rasgou o cartão do psd?
não, não me apetece procurar alguém do cds-pp a participar, mas era só uma questão de trabalhar com o google...
vi lágrimas numa manif! será que esta merda não é o suficiente?
é que, ao contrário do que já digo, parece-me muito mais significativo haver lágrimas! será que será mais importante haver sangue?
sim, um hino...
mas ultimamente muito mal tratado.
eu era muito puto, mas lembro-me da minha mãe, triste, dizer: morreu o zeca!
poucos dias depois a rtp (serviço público na altura) passou o concerto do coliseu!!!
aqui fica o final...
eu era muito puto, mas lembro-me da minha mãe, triste, dizer: morreu o zeca!
poucos dias depois a rtp (serviço público na altura) passou o concerto do coliseu!!!
aqui fica o final...
1/28/2013
curioso, post pro pai...
olá pai...
a princesa falou hoje outra vez no bubu das barbas...
ela sabe que estás a olhar por ela! como sempre... como sempre estiveste a pensar em mim, apesar de todos os momentos em que não estivemos juntos! a Lu já me disse, aquele nosso abraço quando nos (re)encontramos foi algo inenarrável...
desculpa se não estive sempre aí...
há uma coisa que me lembro sempre...
na última vez que falamos, disse que te amava muito... nunca te esqueças disso...
a princesa falou hoje outra vez no bubu das barbas...
ela sabe que estás a olhar por ela! como sempre... como sempre estiveste a pensar em mim, apesar de todos os momentos em que não estivemos juntos! a Lu já me disse, aquele nosso abraço quando nos (re)encontramos foi algo inenarrável...
desculpa se não estive sempre aí...
há uma coisa que me lembro sempre...
na última vez que falamos, disse que te amava muito... nunca te esqueças disso...
11/11/2012
9/29/2012
carta para a princesa
maia, 29 de setembro de 2012
querida princesa:
hoje foi um dia muito difícil para os papás. ontem o avô das barbas foi ter com o jesus, assim ele vai poder estar sempre a tomar conta de ti lá em cima no céu.
sabes, uma altura o avô pediu para nós nunca nos esquecermos de te lembrar que ele te ama muito, e que tem muitas saudades tuas. hoje o papá e o tio diogo tiveram de levar o avô para um sítio onde o podes ir visitar quando quiseres, para lhe dizeres o quanto gostas dele.
passámos algum tempo sem estar com ele, mas isso nunca quis dizer que ele não gostasse de nós. até o papá esteve muito tempo longe do avô, e assim ainda soube melhor quando voltamos a abraçar-nos. o avó até disse que já tinha chorado porque pensava que me tinha perdido, mas depois as lágrimas foram mesmo de felicidade.
a última vez que falámos o papá disse ao avô que o amava muito, e o avô disse que também nos amava. ele sempre disse que somos uma família muito linda e que tínhamos de lhe fazer o favor de sermos felizes.
o velhote (como o papá lhe chamava a brincar) era sempre assim, muito bem disposto e brincava muito contigo. às vezes quando ele chegava mais triste a casa, olhava para uma foto tua que tinha na sala e ficava logo mais feliz, porque via a princesa linda que tinha.
ontem à noite chegámos a casa muito tarde e tu já estavas a dormir. quando acordaste e viste a foto perguntaste logo pelo "bubu das babas"... o papá ficou sem saber o que dizer porque estava triste, mas o teu sorriso pôs-me logo melhor. agora à noite voltaste a falar nele, deves mesmo perceber que alguma coisa aconteceu. por isso o papá resolveu escrever esta carta.
o avô das barbas foi para o céu, ter com o jesus e os anjos. lá ele vai sempre tomar conta de ti e proteger-te de tudo.
ele adorava-te, dizia que era a melhor prenda que lhe podíamos ter dado. ele e o papá gostavam muito um do outro! o avô estava sempre a brincar connosco. já quando o papá era pequenino era assim. ah! e ele também era muito mimalho! gostava muito das tuas festinhas nas barbas. dizia muitas vezes o quanto gostava de nós. de vez em quando o papá "portava-se mal" e estava algum tempo sem dar notícias mas depois quando chegávamos lá a casa o avô até tevinha buscar para te levar ao colo nas escadas.
tenho a certeza que o "bubu das babas" vai sempre tomar conta de ti! e nós vamos falar com ele muitas vezes, a olhar para aquela estrelinha que se acendeu ontem... se ele estivesse aqui, de certeza que diria: amo-te netinha!
papá
4/23/2012
1/20/2012
12/15/2011
apeteceu-me...
só isto!!! música de uma vida!!! para ouvir com o volume no máximo, tal como eu o fazia nas viagens intermináveis... em modo repeat na versão ao vivo no rrv...
10/14/2011
10/10/2011
9/30/2011
3/24/2011
3/04/2011
2/24/2011
2/23/2011
geração à rasca
depois de muita ausência... um sentimento de revolta
"Sou da geração sem remuneração
e não me incomoda esta condição.
Que parva que eu sou!
Porque isto está mal e vai continuar,
já é uma sorte eu poder estagiar.
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.
Sou da geração ‘casinha dos pais’,
se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Que parva que eu sou
Filhos, maridos, estou sempre a adiar
e ainda me falta o carro pagar
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.
Sou da geração ‘vou queixar-me pra quê?’
Há alguém bem pior do que eu na TV.
Que parva que eu sou!
Sou da geração ‘eu já não posso mais!’
que esta situação dura há tempo demais
E parva não sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar."
"Sou da geração sem remuneração
e não me incomoda esta condição.
Que parva que eu sou!
Porque isto está mal e vai continuar,
já é uma sorte eu poder estagiar.
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.
Sou da geração ‘casinha dos pais’,
se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Que parva que eu sou
Filhos, maridos, estou sempre a adiar
e ainda me falta o carro pagar
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.
Sou da geração ‘vou queixar-me pra quê?’
Há alguém bem pior do que eu na TV.
Que parva que eu sou!
Sou da geração ‘eu já não posso mais!’
que esta situação dura há tempo demais
E parva não sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar."
4/03/2010
maria
parece que vou ter de começar a escrever um livro...
já plantei uma árvore e hoje nasceu a maria!
já plantei uma árvore e hoje nasceu a maria!
3/08/2010
silêncio...
porque sim...
espero que por pouco tempo que isto de me tornar anti-social não faz nada bem e tem de deixar de fazer parte do meu feitio!
e porque muito tem ficado por dizer!
citando a tmn: até já!!!
espero que por pouco tempo que isto de me tornar anti-social não faz nada bem e tem de deixar de fazer parte do meu feitio!
e porque muito tem ficado por dizer!
citando a tmn: até já!!!
4/14/2009
xutos
Sem eira nem beira
"Anda tudo do avesso
Nesta rua que atravesso
Dão milhões a quem os tem
Aos outros um passou - bem
Não consigo perceber
Quem é que nos quer tramar
Enganar
Despedir
E ainda se ficam a rir
Eu quero acreditar
Que esta merda vai mudar
E espero vir a ter
Uma vida bem melhor
Mas se eu nada fizer
Isto nunca vai mudar
Conseguir
Encontrar
Mais força para lutar...
Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a comer
É difícil ser honesto
É difícil de engolir
Quem não tem nada vai preso
Quem tem muito fica a rir
Ainda espero ver alguém
Assumir que já andou
A roubar
A enganar
o povo que acreditou
Conseguir encontrar mais força para lutar
Mais força para lutar
Conseguir encontrar mais força para lutar
Mais força para lutar...
Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a foder
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Mas eu sou um homem honesto
Só errei na profissão"
"Anda tudo do avesso
Nesta rua que atravesso
Dão milhões a quem os tem
Aos outros um passou - bem
Não consigo perceber
Quem é que nos quer tramar
Enganar
Despedir
E ainda se ficam a rir
Eu quero acreditar
Que esta merda vai mudar
E espero vir a ter
Uma vida bem melhor
Mas se eu nada fizer
Isto nunca vai mudar
Conseguir
Encontrar
Mais força para lutar...
Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a comer
É difícil ser honesto
É difícil de engolir
Quem não tem nada vai preso
Quem tem muito fica a rir
Ainda espero ver alguém
Assumir que já andou
A roubar
A enganar
o povo que acreditou
Conseguir encontrar mais força para lutar
Mais força para lutar
Conseguir encontrar mais força para lutar
Mais força para lutar...
Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a foder
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Mas eu sou um homem honesto
Só errei na profissão"
3/25/2009
porque me apetece!
porque estou farto, porque ainda há pessoal que não conhece, porque sim!!!
josé mário branco, fmi
"Cachucho não é coisa que me traga a mim
Mais novidade do que lagostim
Nariz que reconhece o cheiro do pilim
Distingue bem o Mortimore do Meirim
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Há tanto nesta terra que ainda está por fazer
Entrar por aí a dentro, analisar, e então
Do meu ‘attachi-case’ sai a solução!
FMI Não há graça que não faça o FMI
FMI O bombástico de plástico para si
FMI Não há força que retorça o FMI
Discreto e ordenado mas nem por isso fraco
Eis a imagem ‘on the rocks’ do cancro do tabaco
Enfio uma gravata em cada fato-macaco
E meto o pessoal todo no mesmo saco
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Não ando aqui a brincar, não há tempo a perder
Batendo o pé na casa, espanador na mão
É só desinfectar em superprodução!
FMI Não há truque que não lucre ao FMI
FMI O heróico paranóico ‘hara-quiri’
FMI Panegírico, pro-lírico daqui
Palavras, palavras, palavras e não só
Palavras para si e palavras para dó
A contas com o nada que swingar o sol-e-dó
Depois a criadagem lava o pé e limpa o pó
A produtividade, ora nem mais, célulazinhas cinzentas
Sempre atentas
E levas pela tromba se não te pões a pau
Num encontrão imediato do 3º grau!
FMI Não há lenha que detenha o FMI
FMI Não há ronha que envergonhe o FMI
FMI …
Entretém-te filho, entretém-te, não desfolhes em vão este malmequer que bem-te-quer, mal-te-quer, vem-te-quer, ovomalt’e-quer, messe gigantesca, vem-te vindo, vi-me na cozinha, vi-me na casa-de-banho, vi-me no Politeama, vi-me no Águia D’ouro, vi-me em toda a parte, vem-te filho, vem-te comer ao olho, vem-te comer à mão, olha os pombinhos pneumáticos que te orgulham por esses cartazes fora, olha a Música no Coração da Indira Gandi, olha o Muchê Dyane que te traz debaixo d’olho, o respeitinho é muito lindo e nós somos um povo de respeito, né filho? Nós somos um povo de respeitinho muito lindo, saímos à rua de cravo na mão sem dar conta de que saímos à rua de cravo na mão a horas certas, né filho? Consolida filho, consolida, enfia-te a horas certas no casarão da Gabriela que o malmequer vai-te tratando do serviço nacional de saúde. Consolida filho, consolida, que o trabalhinho é muito lindo, o teu trabalhinho é muito lindo, é o mais lindo de todos, como o astro, não é filho? O cabrão do astro entra-te pela porta das traseiras, tu tens um gozo do caraças, vais dormir entretido, não é? Pois claro, ganhar forças, ganhar forças para consolidar, para ver se a gente consegue num grande esforço nacional estabilizar esta destabilização filha-da-puta, não é filho? Pois claro! Estás aí a olhar para mim, estás a ver-me dar 33 voltinhas por minuto, pagaste o teu bilhete, pagaste o teu imposto de transação e estás a pensar lá com os teus botões: Este tipo está-me a gozar, este gajo quem é que julga que é? Né filho? Pois não é verdade que tu és um herói desde de nascente? A ti não é qualquer totobola que te enfia o barrete, meu grande safadote! Meu Fernão Mendes Pinto de merda, né filho? Onde está o teu Extremo Oriente, filho? Ah-ni-qui-bé-bé, ah-ni-qui-bó-bó, tu és ‘Sepuldra’ tu és Adamastor, pois claro, tu sozinho consegues enrabar as Nações Unidas com passaporte de coelho, não é filho? Mal eles sabem, pois é, tu sabes o que é gozar a vida! Entretém-te filho, entretém-te! Deixa-te de políticas que a tua política é o trabalho, trabalhinho, porreirinho da Silva, e salve-se quem puder que a vida é curta e os santos não ajudam quem anda para aqui a encher pneus com este paleio de Sanzala e ritmo de pop-xula, não é filho?
A one, a two, a one two three
FMI dida didadi dadi dadi da didi
FMI …
Come on you son of a bitch! Come on baby a ver se me comes! Come on Luís Vaz, ‘amanda’-lhe com os decassílabos que os senhores já vão ver o que é meterem-se com uma nação de poetas! E zás, enfio-te o Manuel Alegre no Mário Soares, zás, enfio-te o Ary dos Santos no Álvaro de Cunhal, zás, enfio-te o Zé Fanha no Acácio Barreiros, zás, enfio-te a Natalia Correia no Sá Carneiro, zás, enfio-te o Pedro Homem de Melo no Parque Mayer e acabamos todos numa sardinhada ao integralismo Lusitano, a estender o braço, meio Rolão Preto, meio Steve McQueen, ok boss, tudo ok, estamos numa porreira meu, um tripe fenomenal, proibido voltar atrás, viva a liberdade, né filho? Pois, o irreversível, pois claro, o irreversívelzinho, pluralismo a dar com um pau, nada será como dantes, agora todos se chateiam de outra maneira, né filho? Ora que porra, deixa lá correr uma fila ao menos, malta pá, é assim mesmo, cada um a curtir a sua, podia ser tão porreiro, não é? Preocupações, crises políticas pá? A culpa é dos partidos pá! Esta merda dos partidos é que divide a malta pá, pois pá, é só paleio pá, o pessoal na quer é trabalhar pá! Razão tem o Jaime Neves pá! (Olha deixaste cair as chaves do carro!) Pois pá! (Que é essa orelha de preto que tens no porta-chaves?) É pá, deixa-te disso, não destabilizes pá! Eh, faz favor, mais uma bica e um pastel de nata. Uma porra pá, um autentico desastre o 25 de Abril, esta confusão pá, a malta estava sossegadinha, a bica a 15 tostões, a gasosa a sete e coroa… Tá bem, essa merda da pide pá, Tarrafais e o carágo, mas no fim de contas quem é que não colaborava, ah? Quantos bufos é que não havia nesta merda deste país, ah? Quem é que não se calava, quem é que arriscava coiro e cabelo, assim mesmo, o que se chama arriscar, ah? Meia dúzia de líricos, pá, meia dúzia de líricos que acabavam todos a fugir para o estrangeiro, pá, isto é tudo a mesma carneirada! Oh sr. guarda venha cá, á, venha ver o que isto é, é, o barulho que vai aqui, i, o neto a bater na avó, ó, deu-lhe um pontapé no cu, né filho? Tu vais conversando, conversando, que ao menos agora pode-se falar, ou já não se pode? Ou já começaste a fazer a tua revisãozinha constitucional tamanho familiar, ah? Estás desiludido com as promessas de Abril, né? As conquistas de Abril! Eram só paleio a partir do momento que tas começaram a tirar e tu ficaste quietinho, né filho? E tu fizeste como o avestruz, enfiaste a cabeça na areia, não é nada comigo, não é nada comigo, né? E os da frente que se lixem… E é por isso que a tua solução é não ver, é não ouvir, é não querer ver, é não querer entender nada, precisas de paz de consciência, não andas aqui a brincar, né filho? Precisas de ter razão, precisas de atirar as culpas para cima de alguém e atiras as culpas para os da frente, para os do 25 de Abril, para os do 28 de Setembro, para os do 11 de Março, para os do 25 de Novembro, para os do… que dia é hoje, ah?
FMI Dida didadi dadi dadi da didi
FMI …
Não há português nenhum que não se sinta culpado de qualquer coisa, não é filho? Todos temos culpas no cartório, foi isso que te ensinaram, não é verdade? Esta merda não anda porque a malta, pá, a malta não quer que esta merda ande, tenho dito. A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém, não é isto verdade? Quer isto dizer, há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular! Somos todos muita bons no fundo, né? Somos todos uma nação de pecadores e de vendidos, né? Somos todos, ou anti-comunistas ou anti-faxistas, estas coisas até já nem querem dizer nada, ismos para aqui, ismos para acolá, as palavras é só bolinhas de sabão, parole parole parole e o Zé é que se lixa, cá o pintas azeite mexilhão, eu quero lá saber deste paleio vou mas é ao futebol, pronto, viva o Porto, viva o Benfica, Lourosa, Lourosa, Marraças, Marraças, fora o arbitro, gatuno, bora tudo p’ro caralho, razão tinha o Tonico de Bastos para se entreter, né filho? Entretém-te filho, com as tuas viúvas e as tuas órfãs que o teu delegado sindical vai tratando da saúde aos administradores, entretém-te, que o ministro do trabalho trata da saúde aos delegados sindicais, entretém-te filho, que a oposição parlamentar trata da saúde ao ministro do trabalho, entretém-te, que o Eanes trata da saúde à oposição parlamentar, entretém-te, que o FMI trata da saúde ao Eanes, entretém-te filho e vai para a cama descansado que há milhares de gajos inteligentes a pensar em tudo neste mesmo instante, enquanto tu adormeces a não pensar em nada, milhares e milhares de tipos inteligentes e poderosos com computadores, redes de policia secreta, telefones, carros de assalto, exércitos inteiros, congressos universitários, eu sei lá! Podes estar descansado que o Teng Hsiao-Ping está a tratar de ti com o Jimmy Carter, o Brezhnev está a tratar de ti com o João Paulo II, tudo corre bem, a ver quem se vai abotoar com os 25 tostões de riqueza que tu vais produzir amanhã nas tuas oito horas. A ver quem vai ser capaz de convencer de que a culpa é tua e só tua se o teu salário perde valor todos os dias, ou de te convencer de que a culpa é só tua se o teu poder de compra é como o rio de S. Pedro de Moel que se some nas areias em plena praia, ali a 10 metros do mar em maré cheia e nunca consegue desaguar de maneira que se possa dizer: porra, finalmente o rio desaguou! Hão te convencer de que a culpa é tua e tu sem culpa nenhuma, tens tu a ver, tens tu a ver com isso, não é filho? Cada um que se vá safando como puder, é mesmo assim, não é? Tu fazes como os outros, fazes o que tens a fazer, votas à esquerda moderada nas sindicais, votas no centro moderado nas deputais, e votas na direita moderada nas presidenciais! Que mais querem eles, que lhe ofereças a Europa no natal?! Era o que faltava! É assim mesmo, julgam que te levam de mercedes, ora toma, para safado, safado e meio, né filho? Nem para a frente nem para trás e eles que tratem do resto, os gatunos, que são pagos para isso, né? Claro! Que se lixem as alternativas, para trabalho já me chega. Entretém-te meu anjinho, entretém-te, que eles são inteligentes, eles ajudam, eles emprestam, eles decidem por ti, decidem tudo por ti, se hás-de construir barcos para a Polónia ou cabeças de alfinete para a Suécia, se hás-de plantar tomate para o Canada ou eucaliptos para o Japão, descansa que eles tratam disso, se hás-de comer bacalhau só nos anos bissextos ou hás-de beber vinho sintético de Alguidares-de-Baixo! Descansa, não penses em mais nada, que até neste país de pelintras se acho normal haver mãos desempregadas e se acha inevitável haver terras por cultivar! Descontrai baby, come on descontrai, arrefinfa-lhe o Bruce Lee, arrefinfa-lhe a macrobiótica, o biorritmo, o euroscópio, dois ou três ofeneologistas, um gigante da ilha de Páscoa e uma Grace do Mónaco de vez em quando para dar as boas festas às criancinhas! Piramiza filho, piramiza, antes que os chatos fujam todos para o Egipto, que assim é que tu te fazes um homenzinho e até já pagas multa se não fores ao recenseamento. Pois pá, isto é um país de analfabetos, pá! Dá-lhe no Travolta, dá-lhe no disco-sound, dá-lhe no pop-xula, pop-xula pop-xula, iehh iehh, J. Pimenta forever! Quanto menos souberes a quantas andas melhor para ti, não te chega para o bife? Antes no talho do que na farmácia; não te chega para a farmácia? Antes na farmácia do que no tribunal; não te chega para o tribunal? Antes a multa do que a morte; não te chega para o cangalheiro? Antes para a cova do que para não sei quem que há-de vir, cabrões de vindouros, ah? Sempre a merda do futuro, a merda do futuro, e eu ah? Que é que eu ando aqui a fazer? Digam lá, e eu? José Mário Branco, 37 anos, isto é que é uma porra, anda aqui um gajo cheio de boas intenções, a pregar aos peixinhos, a arriscar o pêlo, e depois? É só porrada e mal viver é? O menino é mal criado, o menino é ‘pequeno burguês’, o menino pertence a uma classe sem futuro histórico… Eu sou parvo ou quê? Quero ser feliz porra, quero ser feliz agora, que se foda o futuro, que se foda o progresso, mais vale só do que mal acompanhado, vá mandem-me lavar as mãos antes de ir para a mesa, filhos da puta de progressistas do caralho da revolução que vos foda a todos! Deixem-me em paz porra, deixem-me em paz e sossego, não me emprenhem mais pelos ouvidos caralho, não há paciência, não há paciência, deixem-me em paz caralho, saiam daqui, deixem-me sozinho, só um minuto, vão vender jornais e governos e greves e sindicatos e policias e generais para o raio que vos parta! Deixem-me sozinho, filhos da puta, deixem só um bocadinho, deixem-me só para sempre, tratem da vossa vida que eu trato da minha, pronto, já chega, sossego porra, silêncio porra, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me morrer descansado. Eu quero lá saber do Artur Agostinho e do Humberto Delgado, eu quero lá saber do Benfica e do bispo do Porto, eu quero se lixe o 13 de Maio e o 5 de Outubro e o Melo Antunes e a rainha de Inglaterra e o Santiago Carrilho e a Vera Lagoa, deixem-me só porra, rua, larguem-me, zórpila o fígado, arreda, ‘terneio’ Satanás, filhos da puta. Eu quero morrer sozinho ouviram? Eu quero morrer, eu quero que se foda o FMI, eu quero lá saber do FMI, eu quero que o FMI se foda, eu quero lá saber que o FMI me foda a mim, eu vou mas é votar no Pinheiro de Azevedo se eu tornar a ir para o hospital, pronto, bardamerda o FMI, o FMI é só um pretexto vosso seus cabrões, o FMI não existe, o FMI nunca aterrou na Portela coisa nenhuma, o FMI é uma finta vossa para virem para aqui com esse paleio, rua, desandem daqui para fora, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe…
Mãe, eu quero ficar sozinho… Mãe, não quero pensar mais… Mãe, eu quero morrer mãe.
Eu quero desnascer, ir-me embora, sem ter que me ir embora. Mãe, por favor, tudo menos a casa em vez de mim, outro maldito que não sou senão este tempo que decorre entre fugir de me encontrar e de me encontrar fugindo, de quê mãe? Diz, são coisas que se me perguntem? Não pode haver razão para tanto sofrimento. E se inventássemos o mar de volta, e se inventássemos partir, para regressar. Partir e aí nessa viajem ressuscitar da morte às arrecuas que me deste. Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra, mar, mãe… Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar nota a nota o canto das sereias, lembrar o depois do adeus, e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal, lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para ficar…
Assim mesmo, como entrevi um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o azul dos operários da Lisnave a desfilar, gritando ódio apenas ao vazio, exército de amor e capacetes, assim mesmo na Praça de Londres o soldado lhes falou: Olá camaradas, somos trabalhadores, eles não conseguiram fazer-nos esquecer, aqui está a minha arma para vos servir. Assim mesmo, por detrás das colinas onde o verde está à espera se levantam antiquíssimos rumores, as festas e os suores, os bombos de lava-colhos, assim mesmo senti um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o bater inexorável dos corações produtores, os tambores. De quem é o carvalhal? É nosso! Assim te quero cantar, mar antigo a que regresso. Neste cais está arrimado o barco sonho em que voltei. Neste cais eu encontrei a margem do outro lado, Grandola Vila Morena. Diz lá, valeu a pena a travessia? Valeu pois.
Pela vaga de fundo se sumiu o futuro histórico da minha classe, no fundo deste mar, encontrareis tesouros recuperados, de mim que estou a chegar do lado de lá para ir convosco. Tesouros infindáveis que vos trago de longe e que são vossos, o meu canto e a palavra, o meu sonho é a luz que vem do fim do mundo, dos vossos antepassados que ainda não nasceram. A minha arte é estar aqui convosco e ser-vos alimento e companhia na viagem para estar aqui de vez. Sou português, pequeno burguês de origem, filho de professores primários, artista de variedades, compositor popular, aprendiz de feiticeiro, faltam-me dentes. Sou o Zé Mário Branco, 37 anos, do Porto, muito mais vivo que morto, contai com isto de mim para cantar e para o resto."
Mais novidade do que lagostim
Nariz que reconhece o cheiro do pilim
Distingue bem o Mortimore do Meirim
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Há tanto nesta terra que ainda está por fazer
Entrar por aí a dentro, analisar, e então
Do meu ‘attachi-case’ sai a solução!
FMI Não há graça que não faça o FMI
FMI O bombástico de plástico para si
FMI Não há força que retorça o FMI
Discreto e ordenado mas nem por isso fraco
Eis a imagem ‘on the rocks’ do cancro do tabaco
Enfio uma gravata em cada fato-macaco
E meto o pessoal todo no mesmo saco
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Não ando aqui a brincar, não há tempo a perder
Batendo o pé na casa, espanador na mão
É só desinfectar em superprodução!
FMI Não há truque que não lucre ao FMI
FMI O heróico paranóico ‘hara-quiri’
FMI Panegírico, pro-lírico daqui
Palavras, palavras, palavras e não só
Palavras para si e palavras para dó
A contas com o nada que swingar o sol-e-dó
Depois a criadagem lava o pé e limpa o pó
A produtividade, ora nem mais, célulazinhas cinzentas
Sempre atentas
E levas pela tromba se não te pões a pau
Num encontrão imediato do 3º grau!
FMI Não há lenha que detenha o FMI
FMI Não há ronha que envergonhe o FMI
FMI …
Entretém-te filho, entretém-te, não desfolhes em vão este malmequer que bem-te-quer, mal-te-quer, vem-te-quer, ovomalt’e-quer, messe gigantesca, vem-te vindo, vi-me na cozinha, vi-me na casa-de-banho, vi-me no Politeama, vi-me no Águia D’ouro, vi-me em toda a parte, vem-te filho, vem-te comer ao olho, vem-te comer à mão, olha os pombinhos pneumáticos que te orgulham por esses cartazes fora, olha a Música no Coração da Indira Gandi, olha o Muchê Dyane que te traz debaixo d’olho, o respeitinho é muito lindo e nós somos um povo de respeito, né filho? Nós somos um povo de respeitinho muito lindo, saímos à rua de cravo na mão sem dar conta de que saímos à rua de cravo na mão a horas certas, né filho? Consolida filho, consolida, enfia-te a horas certas no casarão da Gabriela que o malmequer vai-te tratando do serviço nacional de saúde. Consolida filho, consolida, que o trabalhinho é muito lindo, o teu trabalhinho é muito lindo, é o mais lindo de todos, como o astro, não é filho? O cabrão do astro entra-te pela porta das traseiras, tu tens um gozo do caraças, vais dormir entretido, não é? Pois claro, ganhar forças, ganhar forças para consolidar, para ver se a gente consegue num grande esforço nacional estabilizar esta destabilização filha-da-puta, não é filho? Pois claro! Estás aí a olhar para mim, estás a ver-me dar 33 voltinhas por minuto, pagaste o teu bilhete, pagaste o teu imposto de transação e estás a pensar lá com os teus botões: Este tipo está-me a gozar, este gajo quem é que julga que é? Né filho? Pois não é verdade que tu és um herói desde de nascente? A ti não é qualquer totobola que te enfia o barrete, meu grande safadote! Meu Fernão Mendes Pinto de merda, né filho? Onde está o teu Extremo Oriente, filho? Ah-ni-qui-bé-bé, ah-ni-qui-bó-bó, tu és ‘Sepuldra’ tu és Adamastor, pois claro, tu sozinho consegues enrabar as Nações Unidas com passaporte de coelho, não é filho? Mal eles sabem, pois é, tu sabes o que é gozar a vida! Entretém-te filho, entretém-te! Deixa-te de políticas que a tua política é o trabalho, trabalhinho, porreirinho da Silva, e salve-se quem puder que a vida é curta e os santos não ajudam quem anda para aqui a encher pneus com este paleio de Sanzala e ritmo de pop-xula, não é filho?
A one, a two, a one two three
FMI dida didadi dadi dadi da didi
FMI …
Come on you son of a bitch! Come on baby a ver se me comes! Come on Luís Vaz, ‘amanda’-lhe com os decassílabos que os senhores já vão ver o que é meterem-se com uma nação de poetas! E zás, enfio-te o Manuel Alegre no Mário Soares, zás, enfio-te o Ary dos Santos no Álvaro de Cunhal, zás, enfio-te o Zé Fanha no Acácio Barreiros, zás, enfio-te a Natalia Correia no Sá Carneiro, zás, enfio-te o Pedro Homem de Melo no Parque Mayer e acabamos todos numa sardinhada ao integralismo Lusitano, a estender o braço, meio Rolão Preto, meio Steve McQueen, ok boss, tudo ok, estamos numa porreira meu, um tripe fenomenal, proibido voltar atrás, viva a liberdade, né filho? Pois, o irreversível, pois claro, o irreversívelzinho, pluralismo a dar com um pau, nada será como dantes, agora todos se chateiam de outra maneira, né filho? Ora que porra, deixa lá correr uma fila ao menos, malta pá, é assim mesmo, cada um a curtir a sua, podia ser tão porreiro, não é? Preocupações, crises políticas pá? A culpa é dos partidos pá! Esta merda dos partidos é que divide a malta pá, pois pá, é só paleio pá, o pessoal na quer é trabalhar pá! Razão tem o Jaime Neves pá! (Olha deixaste cair as chaves do carro!) Pois pá! (Que é essa orelha de preto que tens no porta-chaves?) É pá, deixa-te disso, não destabilizes pá! Eh, faz favor, mais uma bica e um pastel de nata. Uma porra pá, um autentico desastre o 25 de Abril, esta confusão pá, a malta estava sossegadinha, a bica a 15 tostões, a gasosa a sete e coroa… Tá bem, essa merda da pide pá, Tarrafais e o carágo, mas no fim de contas quem é que não colaborava, ah? Quantos bufos é que não havia nesta merda deste país, ah? Quem é que não se calava, quem é que arriscava coiro e cabelo, assim mesmo, o que se chama arriscar, ah? Meia dúzia de líricos, pá, meia dúzia de líricos que acabavam todos a fugir para o estrangeiro, pá, isto é tudo a mesma carneirada! Oh sr. guarda venha cá, á, venha ver o que isto é, é, o barulho que vai aqui, i, o neto a bater na avó, ó, deu-lhe um pontapé no cu, né filho? Tu vais conversando, conversando, que ao menos agora pode-se falar, ou já não se pode? Ou já começaste a fazer a tua revisãozinha constitucional tamanho familiar, ah? Estás desiludido com as promessas de Abril, né? As conquistas de Abril! Eram só paleio a partir do momento que tas começaram a tirar e tu ficaste quietinho, né filho? E tu fizeste como o avestruz, enfiaste a cabeça na areia, não é nada comigo, não é nada comigo, né? E os da frente que se lixem… E é por isso que a tua solução é não ver, é não ouvir, é não querer ver, é não querer entender nada, precisas de paz de consciência, não andas aqui a brincar, né filho? Precisas de ter razão, precisas de atirar as culpas para cima de alguém e atiras as culpas para os da frente, para os do 25 de Abril, para os do 28 de Setembro, para os do 11 de Março, para os do 25 de Novembro, para os do… que dia é hoje, ah?
FMI Dida didadi dadi dadi da didi
FMI …
Não há português nenhum que não se sinta culpado de qualquer coisa, não é filho? Todos temos culpas no cartório, foi isso que te ensinaram, não é verdade? Esta merda não anda porque a malta, pá, a malta não quer que esta merda ande, tenho dito. A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém, não é isto verdade? Quer isto dizer, há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular! Somos todos muita bons no fundo, né? Somos todos uma nação de pecadores e de vendidos, né? Somos todos, ou anti-comunistas ou anti-faxistas, estas coisas até já nem querem dizer nada, ismos para aqui, ismos para acolá, as palavras é só bolinhas de sabão, parole parole parole e o Zé é que se lixa, cá o pintas azeite mexilhão, eu quero lá saber deste paleio vou mas é ao futebol, pronto, viva o Porto, viva o Benfica, Lourosa, Lourosa, Marraças, Marraças, fora o arbitro, gatuno, bora tudo p’ro caralho, razão tinha o Tonico de Bastos para se entreter, né filho? Entretém-te filho, com as tuas viúvas e as tuas órfãs que o teu delegado sindical vai tratando da saúde aos administradores, entretém-te, que o ministro do trabalho trata da saúde aos delegados sindicais, entretém-te filho, que a oposição parlamentar trata da saúde ao ministro do trabalho, entretém-te, que o Eanes trata da saúde à oposição parlamentar, entretém-te, que o FMI trata da saúde ao Eanes, entretém-te filho e vai para a cama descansado que há milhares de gajos inteligentes a pensar em tudo neste mesmo instante, enquanto tu adormeces a não pensar em nada, milhares e milhares de tipos inteligentes e poderosos com computadores, redes de policia secreta, telefones, carros de assalto, exércitos inteiros, congressos universitários, eu sei lá! Podes estar descansado que o Teng Hsiao-Ping está a tratar de ti com o Jimmy Carter, o Brezhnev está a tratar de ti com o João Paulo II, tudo corre bem, a ver quem se vai abotoar com os 25 tostões de riqueza que tu vais produzir amanhã nas tuas oito horas. A ver quem vai ser capaz de convencer de que a culpa é tua e só tua se o teu salário perde valor todos os dias, ou de te convencer de que a culpa é só tua se o teu poder de compra é como o rio de S. Pedro de Moel que se some nas areias em plena praia, ali a 10 metros do mar em maré cheia e nunca consegue desaguar de maneira que se possa dizer: porra, finalmente o rio desaguou! Hão te convencer de que a culpa é tua e tu sem culpa nenhuma, tens tu a ver, tens tu a ver com isso, não é filho? Cada um que se vá safando como puder, é mesmo assim, não é? Tu fazes como os outros, fazes o que tens a fazer, votas à esquerda moderada nas sindicais, votas no centro moderado nas deputais, e votas na direita moderada nas presidenciais! Que mais querem eles, que lhe ofereças a Europa no natal?! Era o que faltava! É assim mesmo, julgam que te levam de mercedes, ora toma, para safado, safado e meio, né filho? Nem para a frente nem para trás e eles que tratem do resto, os gatunos, que são pagos para isso, né? Claro! Que se lixem as alternativas, para trabalho já me chega. Entretém-te meu anjinho, entretém-te, que eles são inteligentes, eles ajudam, eles emprestam, eles decidem por ti, decidem tudo por ti, se hás-de construir barcos para a Polónia ou cabeças de alfinete para a Suécia, se hás-de plantar tomate para o Canada ou eucaliptos para o Japão, descansa que eles tratam disso, se hás-de comer bacalhau só nos anos bissextos ou hás-de beber vinho sintético de Alguidares-de-Baixo! Descansa, não penses em mais nada, que até neste país de pelintras se acho normal haver mãos desempregadas e se acha inevitável haver terras por cultivar! Descontrai baby, come on descontrai, arrefinfa-lhe o Bruce Lee, arrefinfa-lhe a macrobiótica, o biorritmo, o euroscópio, dois ou três ofeneologistas, um gigante da ilha de Páscoa e uma Grace do Mónaco de vez em quando para dar as boas festas às criancinhas! Piramiza filho, piramiza, antes que os chatos fujam todos para o Egipto, que assim é que tu te fazes um homenzinho e até já pagas multa se não fores ao recenseamento. Pois pá, isto é um país de analfabetos, pá! Dá-lhe no Travolta, dá-lhe no disco-sound, dá-lhe no pop-xula, pop-xula pop-xula, iehh iehh, J. Pimenta forever! Quanto menos souberes a quantas andas melhor para ti, não te chega para o bife? Antes no talho do que na farmácia; não te chega para a farmácia? Antes na farmácia do que no tribunal; não te chega para o tribunal? Antes a multa do que a morte; não te chega para o cangalheiro? Antes para a cova do que para não sei quem que há-de vir, cabrões de vindouros, ah? Sempre a merda do futuro, a merda do futuro, e eu ah? Que é que eu ando aqui a fazer? Digam lá, e eu? José Mário Branco, 37 anos, isto é que é uma porra, anda aqui um gajo cheio de boas intenções, a pregar aos peixinhos, a arriscar o pêlo, e depois? É só porrada e mal viver é? O menino é mal criado, o menino é ‘pequeno burguês’, o menino pertence a uma classe sem futuro histórico… Eu sou parvo ou quê? Quero ser feliz porra, quero ser feliz agora, que se foda o futuro, que se foda o progresso, mais vale só do que mal acompanhado, vá mandem-me lavar as mãos antes de ir para a mesa, filhos da puta de progressistas do caralho da revolução que vos foda a todos! Deixem-me em paz porra, deixem-me em paz e sossego, não me emprenhem mais pelos ouvidos caralho, não há paciência, não há paciência, deixem-me em paz caralho, saiam daqui, deixem-me sozinho, só um minuto, vão vender jornais e governos e greves e sindicatos e policias e generais para o raio que vos parta! Deixem-me sozinho, filhos da puta, deixem só um bocadinho, deixem-me só para sempre, tratem da vossa vida que eu trato da minha, pronto, já chega, sossego porra, silêncio porra, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me morrer descansado. Eu quero lá saber do Artur Agostinho e do Humberto Delgado, eu quero lá saber do Benfica e do bispo do Porto, eu quero se lixe o 13 de Maio e o 5 de Outubro e o Melo Antunes e a rainha de Inglaterra e o Santiago Carrilho e a Vera Lagoa, deixem-me só porra, rua, larguem-me, zórpila o fígado, arreda, ‘terneio’ Satanás, filhos da puta. Eu quero morrer sozinho ouviram? Eu quero morrer, eu quero que se foda o FMI, eu quero lá saber do FMI, eu quero que o FMI se foda, eu quero lá saber que o FMI me foda a mim, eu vou mas é votar no Pinheiro de Azevedo se eu tornar a ir para o hospital, pronto, bardamerda o FMI, o FMI é só um pretexto vosso seus cabrões, o FMI não existe, o FMI nunca aterrou na Portela coisa nenhuma, o FMI é uma finta vossa para virem para aqui com esse paleio, rua, desandem daqui para fora, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe…
Mãe, eu quero ficar sozinho… Mãe, não quero pensar mais… Mãe, eu quero morrer mãe.
Eu quero desnascer, ir-me embora, sem ter que me ir embora. Mãe, por favor, tudo menos a casa em vez de mim, outro maldito que não sou senão este tempo que decorre entre fugir de me encontrar e de me encontrar fugindo, de quê mãe? Diz, são coisas que se me perguntem? Não pode haver razão para tanto sofrimento. E se inventássemos o mar de volta, e se inventássemos partir, para regressar. Partir e aí nessa viajem ressuscitar da morte às arrecuas que me deste. Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra, mar, mãe… Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar nota a nota o canto das sereias, lembrar o depois do adeus, e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal, lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para ficar…
Assim mesmo, como entrevi um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o azul dos operários da Lisnave a desfilar, gritando ódio apenas ao vazio, exército de amor e capacetes, assim mesmo na Praça de Londres o soldado lhes falou: Olá camaradas, somos trabalhadores, eles não conseguiram fazer-nos esquecer, aqui está a minha arma para vos servir. Assim mesmo, por detrás das colinas onde o verde está à espera se levantam antiquíssimos rumores, as festas e os suores, os bombos de lava-colhos, assim mesmo senti um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o bater inexorável dos corações produtores, os tambores. De quem é o carvalhal? É nosso! Assim te quero cantar, mar antigo a que regresso. Neste cais está arrimado o barco sonho em que voltei. Neste cais eu encontrei a margem do outro lado, Grandola Vila Morena. Diz lá, valeu a pena a travessia? Valeu pois.
Pela vaga de fundo se sumiu o futuro histórico da minha classe, no fundo deste mar, encontrareis tesouros recuperados, de mim que estou a chegar do lado de lá para ir convosco. Tesouros infindáveis que vos trago de longe e que são vossos, o meu canto e a palavra, o meu sonho é a luz que vem do fim do mundo, dos vossos antepassados que ainda não nasceram. A minha arte é estar aqui convosco e ser-vos alimento e companhia na viagem para estar aqui de vez. Sou português, pequeno burguês de origem, filho de professores primários, artista de variedades, compositor popular, aprendiz de feiticeiro, faltam-me dentes. Sou o Zé Mário Branco, 37 anos, do Porto, muito mais vivo que morto, contai com isto de mim para cantar e para o resto."
e faço dele as minhas palavras!!!
2/28/2009
11/20/2008
petição jeitosa! assinem!!!
aqui fica o link
http://www.petitiononline.com/naime/petition.html
e foi só porque foi pedido por alguém que fez um trabalho fantástico com o documento aprovado no agrupamento de escolas!!!
http://www.petitiononline.com/naime/petition.html
e foi só porque foi pedido por alguém que fez um trabalho fantástico com o documento aprovado no agrupamento de escolas!!!
11/18/2008
lindo
" Exma. Senhora Ministra da Educação
Com Conhecimento à:
Presidência da Republica
Presidente da Assembleia da República
Governo da Republica
Grupos Parlamentares
Procuradoria-Geral da Republica
Direcção Regional de Educação do Centro
Câmara Municipal de Mação
Presidente da Associação de Pais do A.E.V.H.
Presidente do Conselho Geral do A.E.V.H.
Presidente do Conselho Executivo do A.E.V.H.
Os Professores e Educadores do Agrupamento de Escolas Verde Horizonte de Mação, reunidos em Assembleia Geral no dia 18 de Novembro de 2008, pelas 17.40 horas tomaram posição sobre o processo da avaliação do desempenho docente, considerando que:
Não é possível pensar a acção educativa sem conceber a sua avaliação, quer se trate dos alunos, dos docentes ou, de um modo geral, de todos os profissionais envolvidos no fenómeno do ensino e da aprendizagem. Como qualquer actividade humana, a educação está sujeita às mudanças que se vão operando no seio das sociedades, estruturadas em paradigmas que variam consoante as épocas. Do mesmo modo, os pressupostos subjacentes ao conceito de avaliação, bem como os instrumentos pelos quais esta se actualiza, devem ser continuamente revistos, numa perspectiva formativa, construtiva, de modo a poder dar uma resposta adequada às exigências que as sociedades modernas hoje nos colocam em termos dos padrões de conhecimento.
Avaliar e ser avaliado sempre foram dois aspectos indissociáveis da condição de professor. Olhando para trás, ao longo das várias reformas educativas, a avaliação foi um direito que, de alguma maneira, foi negado aos professores, na medida em que todo o empenho, profissionalismo, dedicação e qualidade científica que muitos deles sempre puseram no seu trabalho foram submersos na mediania igualitária – não necessariamente justa – de uma menção de Satisfaz.
Vivemos um tempo de mudança. Sabemos que qualquer mudança digna desse nome provoca sempre alguma instabilidade, encontra resistências, causa apreensões. Daí a necessidade e a importância de debater as questões em profundidade, de pensar em conjunto sobre os problemas, de tentar perceber a fundamentação dos pressupostos e operacionalizar os modos da sua articulação à prática.
Numa altura em que o modelo de avaliação de desempenho do pessoal docente está a ser posto em prática à revelia de toda uma classe, não porque os profissionais rejeitem ser avaliados, mas porque exigem uma avaliação construtiva, não burocrática, que não perca de vista o objectivo principal da acção educativa – os alunos e as suas aprendizagens - e que não transfira para os profissionais do sistema o ónus das fraquezas desse mesmo sistema. No modelo presente, a prossecução desses objectivos é posta em causa pelas questões que suscitamos, pela sua inoperância, incongruência ou mesmo conflitualidade com normas legais:
1. Do conteúdo da avaliação
1.1. Não é aceitável que se estabeleça qualquer paralelo entre a avaliação interna e a avaliação externa, quando sabemos que este critério apenas é aplicável às disciplinas que têm exame a nível nacional, havendo, por isso, uma violação evidente do princípio da igualdade consagrado no Artigo 13º da Constituição da Republica Portuguesa.
1.2. O Decreto Regulamentar nº 2/2008 condiciona a avaliação do professor ao progresso dos resultados escolares dos seus alunos. Os professores desta Escola consideram que mecanismos como a consideração directa do sucesso educativo dos alunos na avaliação dos docentes são incorrectos e injustos e estão em desacordo com as recomendações da Comissão Científica da Avaliação de Professores (CCAP).
1.3. O documento Recomendações 2/CCAP/2008 é explícito nas indicações para a simplificação do processo e para a necessidade de não quantificar, “No caso particular da aplicação do processo de avaliação de desempenho ao ano escolar de 2008-2009, o progresso dos resultados escolares dos alunos não seja objecto de aferição quantitativa”, pela inexistência de instrumentos próprios para o efeito, “De momento, não existem instrumentos de aferição para determinar com objectividade o progresso dos resultados escolares”
1.4. Também o CCAP recomenda que “A produção de instrumentos de aferição fiáveis e de reconhecida credibilidade científica é uma tarefa complexa e morosa, a desenvolver por instâncias competentes e alheias ao processo de avaliação de desempenho”. Tal recomendação não vêm sendo cumprida, dado que a elaboração de tais instrumentos vem sendo feita nas escolas, tendo de ser clarificado quem é responsável pelo processo de avaliação, se a CCAP, a DGRHE, o Conselho de Escolas ou outra entidade.
1.5. Por que razão os professores têm de se comprometer, no início de cada ano lectivo, com metas que, desde logo, não dependem só de si, como a melhoria dos resultados dos alunos e a diminuição da taxa de abandono escolar? O Artigo 18º, ponto 1, alínea c) do Decreto Regulamentar nº 2/2008, segundo o qual a Avaliação de Desempenho está condicionada ao “progresso dos resultados escolares esperados para os alunos e redução das taxas de abandono escolar, tendo em conta o contexto socioeducativo” sem que haja qualquer referência, no diploma, a outros condicionalismos evidentes no percurso escolar dos alunos, como os socioculturais e socioeconómicos e que, por não dependerem do controlo e responsabilidade do professor, não devem interferir na sua própria avaliação.
1.6. O documento Recomendação 1/98 do Conselho Nacional de Educação refere os factores que influenciam o abandono e de entre 25 enunciados (8 individuais e 17 externos) apenas dois podem ser considerados como referidos ao trabalho dos professores e ainda assim parcialmente, a saber:
- ausência de estratégias personalizadas (desadequação da leccionação em relação ao ritmo de aprendizagem de cada aluno);
- apoios pedagógicos reduzidos e ausência de diversificação de pedagogias.
Este mesmo documento refere claramente que “O sucesso e o insucesso de uma escola não se processam dentro de uma ilha, mas são antes o resultado de um contexto socio-económico e cultural. O abandono tem uma ligação muito intensa ao insucesso e reflecte o fracasso do sistema. Estritamente através da pedagogia não se conseguirá inverter o abandono escolar.”
Gostariam os professores subscritores de conhecer documento ou estudo que actualize esta posição de forma coerente com o que é implícito ao processo de avaliação do desempenho.
1.7. Alguns dos Professores deste Agrupamento encontra-se, segundo os Artigos 44º e 51º do Código do Procedimento Administrativo, legalmente impedidos de participar no processo de Avaliação de Desempenho, devido aos laços de amizade ou inimizade criados e desenvolvidos ao longo dos anos e que poderão, porventura, ser motivo de “escusa” ou “ suspeição”.
1.8. A possibilidade efectiva deste Modelo de Avaliação do Desempenho colidir com normativos legais, nomeadamente, o Artigo 44º da Secção VI (Das garantias de imparcialidade) do Código do Procedimento Administrativo, o qual estabelece, no ponto 1, alíneas a) e c), a existência de casos de impedimento sempre que o órgão ou agente da Administração Pública intervenha em actos ou questões em que tenha interesses semelhantes aos implicados na decisão. Ora, alguns professores avaliadores concorrem com os professores por si avaliados no mesmo processo de progressão na carreira, disputando lugares nas quotas a serem definidas.
1.9. Ainda este impedimento ocorre no momento em que os Docentes propõem níveis para a avaliação sumativa dos seus alunos, dado que estarão a actuar em processo do qual irão reverter na sua própria avaliação.
1.10 Este modelo não discrimina positivamente os docentes que leccionam turmas com situações problemáticas e com maiores dificuldades de aprendizagem.
1.11. A imputação de responsabilidade individual ao docente pela avaliação dos seus alunos configura uma violação grosseira do previsto na legislação em vigor quanto à decisão da avaliação final do aluno, a qual é da competência do Conselho de Turma sob proposta do (s) professor (es) de cada área curricular disciplinar e não disciplinar.
1.12. Os docentes deste Agrupamento rejeitam a penalização do uso de direitos constitucionalmente protegidos como sejam a maternidade/paternidade, doença, participação em eventos de reconhecida relevância social ou académica, cumprimento de obrigações legais e nojo, nos critérios de obtenção de Muito Bom ou de Excelente.
2. Dos mecanismos da avaliação
2.1. Os critérios que nortearam o primeiro Concurso de Acesso a Professor Titular geraram uma divisão artificial e gratuita entre “professores titulares” e “professores”, valorizando apenas a ocupação de cargos nos últimos 7 anos, independentemente de qualquer avaliação da sua competência pedagógica, científica ou técnica e certificação da mesma.
2.2. Face a este processo de selecção dos avaliadores, e não estando atestada a validade da sua capacidade para desempenhar funções como avaliador e a preponderância da sua opinião, não consideramos verificado o disposto no art. 6:º-A do Código do Procedimento Administrativo, particularmente na alínea a) do nº 2.
2.3. A este propósito é suscitada a questão da objectividade, postulada também pela DHGRE num powerpoint apresentado no âmbito da formação contínua de professores, que decorreu em Julho e Setembro de 2008, sobre “Análise e Implicações do Quadro Normativo aplicável à Avaliação de Desempenho dos Docentes”, onde estabelece a importante “Diferença entre facto e opinião, definindo:
• Opiniões – discutíveis, contestáveis, sentidas.
• Factos – indiscutíveis, incontestáveis, constantes.
e dando exemplos para cada um deles: “Está calor.” ou “Está sempre atrasado.” são opiniões, “Estão 32º.” ou “Chegou 10 minutos atrasado à reunião.” são factos.”
Ora, a maioria dos itens sobre os quais seremos avaliados consistem de opiniões e não de factos como se concluirá facilmente da análise das fichas de avaliação.
3. Dos instrumentos de avaliação
3.1. Na ficha de avaliação pelo Presidente do Conselho Executivo (PCE)
3.1.1. Relativamente ao parâmetro A.1. não está esclarecido o que significa o cumprimento de 100% do serviço lectivo, uma vez que o professor pode estar ausente por acompanhamento de alunos em visita de estudo, sendo deste modo sempre penalizado, porque ou não deu a aula (A.1) ou não participou ou dinamizou actividades previstas no PEE, PAA e PCT’s (C.1.).
3.1.2. Como se vai avaliar objectivamente o parâmetro “Cumprimento do serviço do apoio educativo e do apoio individual aos alunos” (A.2.1.1)? E, no caso de entender que “o docente propôs, dinamiza e colabora sistemática e continuadamente em actividades de apoio educativo e apoio individual aos alunos” (A.2.1.1.4) qual a distinção quantitativa?
3.1.3. Se, em relação ao parâmetro B.1.2, o docente tiver definido os objectivos pelo mínimo terá grandes probabilidades de os superar. Pode o PCE garantir que os objectivos estavam clara, objectiva e honestamente definidos?
3.1.4. Como é que o PCE avalia objectivamente “o empenhamento e a qualidade da participação” de todos os docentes nas estruturas de orientação educativa e nos órgãos de gestão (C.3.1)?
3.1.5. Não será utópico que aos professores, para além das múltiplas e absorventes tarefas e funções, ainda lhes seja exigida a “participação e dinamização de projectos de investigação, desenvolvimento e inovação educativa” (C.4)?
3.1.6. O parâmetro D implica a participação em acções de formação contínua, o que é apenas obrigatório para docentes vinculados e para efeitos de progressão na carreira. Os professores contratados não têm de fazer formação e são até preteridos no acesso a acções de formação face a colegas vinculados. Como classificar tendo em conta estes aspectos de descriminação?
3.1.7. Parâmetro E. “Relação com a comunidade”, baseia-se apenas nos objectivos individuais? O que é preciso fazer para ter a nota máxima? Como tratar sem beneficiar as situações de professores locais de outros que à partida têm menos conhecimento, familiaridade e proximidade à comunidade?
3.1.8. No parâmetro F.1.3. o avaliador é penalizado se atribuir “à maioria dos docentes avaliados igual classificação em todos ou quase todos os itens e parâmetros”. Afinal, não é possível isso acontecer, sobretudo em áreas disciplinares onde se trabalha muito em equipa, i.e., os professores dos mesmos anos planificam aulas em conjunto, elaboram testes em conjunto e partilham experiências e recursos?
3.1.9. Possui o PCE instrumentos de registo de todas as observações que tem de efectuar? Se não tem, o processo não pode ser iniciado. Se tem, temos direito a conhecê--las.
3.1.10. Tem o PCE capacidade e tempo disponível para avaliar com objectividade, coerência, fundamentação e justiça todos os docentes deste agrupamento em todos os indicadores e parâmetros? Quais as garantias?
3.2. Na ficha de avaliação pelo Coordenador de Departamento/Professor Avaliador:
3.2.1. Parece haver incoerências no parâmetro A., uma vez que o parâmetro A.1. “Correcção científico-pedagógica e didáctica da planificação das actividades lectivas” engloba todos os outros, i.e., as estratégias, metodologias e recursos fazem parte da planificação.
3.2.2. No parâmetro B.1. há uma redundância pois os objectivos e orientações já estão incorporados nos programas.
3.2.3. Quanto ao parâmetro B.3., para além de poder ser questionada a questão da eficácia da utilização das tecnologias na aprendizagem dos alunos, assim como a sua acessibilidade, também é necessário definir o que são “recursos inovadores” e se a única forma de observação deste parâmetro são as grelhas das aulas assistidas. Afinal vamos ter de fazer planos de aula “especiais” para quando o avaliador está presente ou será simplesmente mais honesto e natural seguir o nosso plano de trabalho?
3.2.4. O conteúdo do parâmetro C, itens/indicadores C.1., C.2., e C.3., remete para muito do que já está incorporado no parâmetro B., enquanto o item C.3. remete para situações extra lectivas que não podem ser observadas.
3.2.5. Possuem os Coordenadores de Departamento/Professores Avaliadores instrumentos de registo e critérios de todas as observações que têm de efectuar? Se não têm, o processo não pode ser iniciado. Se tem, temos direito a conhecê-las.
3.2.6. Têm os Coordenadores de Departamento/Professores Avaliadores competência científica e/ou pedagógica para avaliar com coerência, justiça, fundamentação e objectividade todos os docentes que lhes estão atribuídos, mesmo que não pertençam à sua área disciplinar ou eventualmente tenham uma preparação científica, académica ou até pedagógica superior?
Finalmente, é válida e/ou coerente a legitimação de uma divisão na carreira docente que decorre da antiguidade na carreira num momento nunca antes pré-determinado, quando alegadamente o novo Estatuto da Carreira Docente pretende pôr fim à progressão assente na antiguidade?
Por todas as questões suscitadas, qualquer acção de implementação do processo de avaliação neste Agrupamento seria infundada, pelo que, e até que sejam esclarecidas estas mesmas dúvidas, nenhuma acto será praticado no âmbito do processo de avaliação.
Mação, 18 de Novembro de 2008
(Lido e aprovado pelos professores subscritores)"
Com Conhecimento à:
Presidência da Republica
Presidente da Assembleia da República
Governo da Republica
Grupos Parlamentares
Procuradoria-Geral da Republica
Direcção Regional de Educação do Centro
Câmara Municipal de Mação
Presidente da Associação de Pais do A.E.V.H.
Presidente do Conselho Geral do A.E.V.H.
Presidente do Conselho Executivo do A.E.V.H.
Os Professores e Educadores do Agrupamento de Escolas Verde Horizonte de Mação, reunidos em Assembleia Geral no dia 18 de Novembro de 2008, pelas 17.40 horas tomaram posição sobre o processo da avaliação do desempenho docente, considerando que:
Não é possível pensar a acção educativa sem conceber a sua avaliação, quer se trate dos alunos, dos docentes ou, de um modo geral, de todos os profissionais envolvidos no fenómeno do ensino e da aprendizagem. Como qualquer actividade humana, a educação está sujeita às mudanças que se vão operando no seio das sociedades, estruturadas em paradigmas que variam consoante as épocas. Do mesmo modo, os pressupostos subjacentes ao conceito de avaliação, bem como os instrumentos pelos quais esta se actualiza, devem ser continuamente revistos, numa perspectiva formativa, construtiva, de modo a poder dar uma resposta adequada às exigências que as sociedades modernas hoje nos colocam em termos dos padrões de conhecimento.
Avaliar e ser avaliado sempre foram dois aspectos indissociáveis da condição de professor. Olhando para trás, ao longo das várias reformas educativas, a avaliação foi um direito que, de alguma maneira, foi negado aos professores, na medida em que todo o empenho, profissionalismo, dedicação e qualidade científica que muitos deles sempre puseram no seu trabalho foram submersos na mediania igualitária – não necessariamente justa – de uma menção de Satisfaz.
Vivemos um tempo de mudança. Sabemos que qualquer mudança digna desse nome provoca sempre alguma instabilidade, encontra resistências, causa apreensões. Daí a necessidade e a importância de debater as questões em profundidade, de pensar em conjunto sobre os problemas, de tentar perceber a fundamentação dos pressupostos e operacionalizar os modos da sua articulação à prática.
Numa altura em que o modelo de avaliação de desempenho do pessoal docente está a ser posto em prática à revelia de toda uma classe, não porque os profissionais rejeitem ser avaliados, mas porque exigem uma avaliação construtiva, não burocrática, que não perca de vista o objectivo principal da acção educativa – os alunos e as suas aprendizagens - e que não transfira para os profissionais do sistema o ónus das fraquezas desse mesmo sistema. No modelo presente, a prossecução desses objectivos é posta em causa pelas questões que suscitamos, pela sua inoperância, incongruência ou mesmo conflitualidade com normas legais:
1. Do conteúdo da avaliação
1.1. Não é aceitável que se estabeleça qualquer paralelo entre a avaliação interna e a avaliação externa, quando sabemos que este critério apenas é aplicável às disciplinas que têm exame a nível nacional, havendo, por isso, uma violação evidente do princípio da igualdade consagrado no Artigo 13º da Constituição da Republica Portuguesa.
1.2. O Decreto Regulamentar nº 2/2008 condiciona a avaliação do professor ao progresso dos resultados escolares dos seus alunos. Os professores desta Escola consideram que mecanismos como a consideração directa do sucesso educativo dos alunos na avaliação dos docentes são incorrectos e injustos e estão em desacordo com as recomendações da Comissão Científica da Avaliação de Professores (CCAP).
1.3. O documento Recomendações 2/CCAP/2008 é explícito nas indicações para a simplificação do processo e para a necessidade de não quantificar, “No caso particular da aplicação do processo de avaliação de desempenho ao ano escolar de 2008-2009, o progresso dos resultados escolares dos alunos não seja objecto de aferição quantitativa”, pela inexistência de instrumentos próprios para o efeito, “De momento, não existem instrumentos de aferição para determinar com objectividade o progresso dos resultados escolares”
1.4. Também o CCAP recomenda que “A produção de instrumentos de aferição fiáveis e de reconhecida credibilidade científica é uma tarefa complexa e morosa, a desenvolver por instâncias competentes e alheias ao processo de avaliação de desempenho”. Tal recomendação não vêm sendo cumprida, dado que a elaboração de tais instrumentos vem sendo feita nas escolas, tendo de ser clarificado quem é responsável pelo processo de avaliação, se a CCAP, a DGRHE, o Conselho de Escolas ou outra entidade.
1.5. Por que razão os professores têm de se comprometer, no início de cada ano lectivo, com metas que, desde logo, não dependem só de si, como a melhoria dos resultados dos alunos e a diminuição da taxa de abandono escolar? O Artigo 18º, ponto 1, alínea c) do Decreto Regulamentar nº 2/2008, segundo o qual a Avaliação de Desempenho está condicionada ao “progresso dos resultados escolares esperados para os alunos e redução das taxas de abandono escolar, tendo em conta o contexto socioeducativo” sem que haja qualquer referência, no diploma, a outros condicionalismos evidentes no percurso escolar dos alunos, como os socioculturais e socioeconómicos e que, por não dependerem do controlo e responsabilidade do professor, não devem interferir na sua própria avaliação.
1.6. O documento Recomendação 1/98 do Conselho Nacional de Educação refere os factores que influenciam o abandono e de entre 25 enunciados (8 individuais e 17 externos) apenas dois podem ser considerados como referidos ao trabalho dos professores e ainda assim parcialmente, a saber:
- ausência de estratégias personalizadas (desadequação da leccionação em relação ao ritmo de aprendizagem de cada aluno);
- apoios pedagógicos reduzidos e ausência de diversificação de pedagogias.
Este mesmo documento refere claramente que “O sucesso e o insucesso de uma escola não se processam dentro de uma ilha, mas são antes o resultado de um contexto socio-económico e cultural. O abandono tem uma ligação muito intensa ao insucesso e reflecte o fracasso do sistema. Estritamente através da pedagogia não se conseguirá inverter o abandono escolar.”
Gostariam os professores subscritores de conhecer documento ou estudo que actualize esta posição de forma coerente com o que é implícito ao processo de avaliação do desempenho.
1.7. Alguns dos Professores deste Agrupamento encontra-se, segundo os Artigos 44º e 51º do Código do Procedimento Administrativo, legalmente impedidos de participar no processo de Avaliação de Desempenho, devido aos laços de amizade ou inimizade criados e desenvolvidos ao longo dos anos e que poderão, porventura, ser motivo de “escusa” ou “ suspeição”.
1.8. A possibilidade efectiva deste Modelo de Avaliação do Desempenho colidir com normativos legais, nomeadamente, o Artigo 44º da Secção VI (Das garantias de imparcialidade) do Código do Procedimento Administrativo, o qual estabelece, no ponto 1, alíneas a) e c), a existência de casos de impedimento sempre que o órgão ou agente da Administração Pública intervenha em actos ou questões em que tenha interesses semelhantes aos implicados na decisão. Ora, alguns professores avaliadores concorrem com os professores por si avaliados no mesmo processo de progressão na carreira, disputando lugares nas quotas a serem definidas.
1.9. Ainda este impedimento ocorre no momento em que os Docentes propõem níveis para a avaliação sumativa dos seus alunos, dado que estarão a actuar em processo do qual irão reverter na sua própria avaliação.
1.10 Este modelo não discrimina positivamente os docentes que leccionam turmas com situações problemáticas e com maiores dificuldades de aprendizagem.
1.11. A imputação de responsabilidade individual ao docente pela avaliação dos seus alunos configura uma violação grosseira do previsto na legislação em vigor quanto à decisão da avaliação final do aluno, a qual é da competência do Conselho de Turma sob proposta do (s) professor (es) de cada área curricular disciplinar e não disciplinar.
1.12. Os docentes deste Agrupamento rejeitam a penalização do uso de direitos constitucionalmente protegidos como sejam a maternidade/paternidade, doença, participação em eventos de reconhecida relevância social ou académica, cumprimento de obrigações legais e nojo, nos critérios de obtenção de Muito Bom ou de Excelente.
2. Dos mecanismos da avaliação
2.1. Os critérios que nortearam o primeiro Concurso de Acesso a Professor Titular geraram uma divisão artificial e gratuita entre “professores titulares” e “professores”, valorizando apenas a ocupação de cargos nos últimos 7 anos, independentemente de qualquer avaliação da sua competência pedagógica, científica ou técnica e certificação da mesma.
2.2. Face a este processo de selecção dos avaliadores, e não estando atestada a validade da sua capacidade para desempenhar funções como avaliador e a preponderância da sua opinião, não consideramos verificado o disposto no art. 6:º-A do Código do Procedimento Administrativo, particularmente na alínea a) do nº 2.
2.3. A este propósito é suscitada a questão da objectividade, postulada também pela DHGRE num powerpoint apresentado no âmbito da formação contínua de professores, que decorreu em Julho e Setembro de 2008, sobre “Análise e Implicações do Quadro Normativo aplicável à Avaliação de Desempenho dos Docentes”, onde estabelece a importante “Diferença entre facto e opinião, definindo:
• Opiniões – discutíveis, contestáveis, sentidas.
• Factos – indiscutíveis, incontestáveis, constantes.
e dando exemplos para cada um deles: “Está calor.” ou “Está sempre atrasado.” são opiniões, “Estão 32º.” ou “Chegou 10 minutos atrasado à reunião.” são factos.”
Ora, a maioria dos itens sobre os quais seremos avaliados consistem de opiniões e não de factos como se concluirá facilmente da análise das fichas de avaliação.
3. Dos instrumentos de avaliação
3.1. Na ficha de avaliação pelo Presidente do Conselho Executivo (PCE)
3.1.1. Relativamente ao parâmetro A.1. não está esclarecido o que significa o cumprimento de 100% do serviço lectivo, uma vez que o professor pode estar ausente por acompanhamento de alunos em visita de estudo, sendo deste modo sempre penalizado, porque ou não deu a aula (A.1) ou não participou ou dinamizou actividades previstas no PEE, PAA e PCT’s (C.1.).
3.1.2. Como se vai avaliar objectivamente o parâmetro “Cumprimento do serviço do apoio educativo e do apoio individual aos alunos” (A.2.1.1)? E, no caso de entender que “o docente propôs, dinamiza e colabora sistemática e continuadamente em actividades de apoio educativo e apoio individual aos alunos” (A.2.1.1.4) qual a distinção quantitativa?
3.1.3. Se, em relação ao parâmetro B.1.2, o docente tiver definido os objectivos pelo mínimo terá grandes probabilidades de os superar. Pode o PCE garantir que os objectivos estavam clara, objectiva e honestamente definidos?
3.1.4. Como é que o PCE avalia objectivamente “o empenhamento e a qualidade da participação” de todos os docentes nas estruturas de orientação educativa e nos órgãos de gestão (C.3.1)?
3.1.5. Não será utópico que aos professores, para além das múltiplas e absorventes tarefas e funções, ainda lhes seja exigida a “participação e dinamização de projectos de investigação, desenvolvimento e inovação educativa” (C.4)?
3.1.6. O parâmetro D implica a participação em acções de formação contínua, o que é apenas obrigatório para docentes vinculados e para efeitos de progressão na carreira. Os professores contratados não têm de fazer formação e são até preteridos no acesso a acções de formação face a colegas vinculados. Como classificar tendo em conta estes aspectos de descriminação?
3.1.7. Parâmetro E. “Relação com a comunidade”, baseia-se apenas nos objectivos individuais? O que é preciso fazer para ter a nota máxima? Como tratar sem beneficiar as situações de professores locais de outros que à partida têm menos conhecimento, familiaridade e proximidade à comunidade?
3.1.8. No parâmetro F.1.3. o avaliador é penalizado se atribuir “à maioria dos docentes avaliados igual classificação em todos ou quase todos os itens e parâmetros”. Afinal, não é possível isso acontecer, sobretudo em áreas disciplinares onde se trabalha muito em equipa, i.e., os professores dos mesmos anos planificam aulas em conjunto, elaboram testes em conjunto e partilham experiências e recursos?
3.1.9. Possui o PCE instrumentos de registo de todas as observações que tem de efectuar? Se não tem, o processo não pode ser iniciado. Se tem, temos direito a conhecê--las.
3.1.10. Tem o PCE capacidade e tempo disponível para avaliar com objectividade, coerência, fundamentação e justiça todos os docentes deste agrupamento em todos os indicadores e parâmetros? Quais as garantias?
3.2. Na ficha de avaliação pelo Coordenador de Departamento/Professor Avaliador:
3.2.1. Parece haver incoerências no parâmetro A., uma vez que o parâmetro A.1. “Correcção científico-pedagógica e didáctica da planificação das actividades lectivas” engloba todos os outros, i.e., as estratégias, metodologias e recursos fazem parte da planificação.
3.2.2. No parâmetro B.1. há uma redundância pois os objectivos e orientações já estão incorporados nos programas.
3.2.3. Quanto ao parâmetro B.3., para além de poder ser questionada a questão da eficácia da utilização das tecnologias na aprendizagem dos alunos, assim como a sua acessibilidade, também é necessário definir o que são “recursos inovadores” e se a única forma de observação deste parâmetro são as grelhas das aulas assistidas. Afinal vamos ter de fazer planos de aula “especiais” para quando o avaliador está presente ou será simplesmente mais honesto e natural seguir o nosso plano de trabalho?
3.2.4. O conteúdo do parâmetro C, itens/indicadores C.1., C.2., e C.3., remete para muito do que já está incorporado no parâmetro B., enquanto o item C.3. remete para situações extra lectivas que não podem ser observadas.
3.2.5. Possuem os Coordenadores de Departamento/Professores Avaliadores instrumentos de registo e critérios de todas as observações que têm de efectuar? Se não têm, o processo não pode ser iniciado. Se tem, temos direito a conhecê-las.
3.2.6. Têm os Coordenadores de Departamento/Professores Avaliadores competência científica e/ou pedagógica para avaliar com coerência, justiça, fundamentação e objectividade todos os docentes que lhes estão atribuídos, mesmo que não pertençam à sua área disciplinar ou eventualmente tenham uma preparação científica, académica ou até pedagógica superior?
Finalmente, é válida e/ou coerente a legitimação de uma divisão na carreira docente que decorre da antiguidade na carreira num momento nunca antes pré-determinado, quando alegadamente o novo Estatuto da Carreira Docente pretende pôr fim à progressão assente na antiguidade?
Por todas as questões suscitadas, qualquer acção de implementação do processo de avaliação neste Agrupamento seria infundada, pelo que, e até que sejam esclarecidas estas mesmas dúvidas, nenhuma acto será praticado no âmbito do processo de avaliação.
Mação, 18 de Novembro de 2008
(Lido e aprovado pelos professores subscritores)"
11/13/2008
casos isolados vs falta de respeito e educação
quando são professores temos:
quando é a senhora ministra
11/10/2008
desculpem, afinal só tenho 3 coisas a fazer...
é mesmo isso, um pedido de desculpa...
à ministra da educação. sim, estou mesmo a pedir desculpa a maria de lurdes rodrigues por não ter compreendido logo que afinal, e ao contrário do que se pensava, a avaliação é simples, a divisão da carreira distingue o mérito e o professor apenas tem que:
a) dar as suas aulas (segundo as planificações anuais a longo e a médio prazo elaboradas já com o ano lectivo a decorrer e sem os resultados da avaliação diagnóstica; rever as planificações realizadas, tendo em conta o resultado da avaliação diagnóstica efectuada e o respectivo relatório elaborado pelo docente; adaptar as planificações às especificidades de cada um dos seus (130) alunos de forma a conseguir individualizar o processo de ensino-aprendizagem numa sala de aula com 28 alunos; participar nos conselhos de turma de início de ano para conseguir adoptar estratégias interdisciplinares para alunos que ainda não conhece; voltar a reunir em reuniões intercalares para avaliar o ponto de partida da turma e de cada um dos alunos de forma a conseguir motivá-los para as aulas; pelo caminho decidir qual o procedimento a adoptar nas situações relatadas em conselhos de turma disciplinares de alunos que resolveram desrespeitar e insultar professores e colegas e boicotar as aulas (coitadinhos não têm culpa porque vivem em condições familiares deploráveis e isso desculpa tudo); prestar apoio pedagógico acrescido aos alunos que revelam dificuldades (a maior parte das vezes porque não trabalham) e adequar as suas estratégias (baixar a exigência) para os alunos conseguirem atingir os objectivos mínimos constantes dos programas das disciplinas...)
b) preencher uma ficha de objectivos (que contem apenas 21 pontos nos quais se devem definir objectivos individualizados, em instrumentos discutidos e aprovados (ou não), tendo em atenção documentos tão simples como os projectos educativos, os projectos curriculares de turma e os indicadores de medida emanados para a totalidade de uma escola; fazendo a perspectiva do que irá ser a avaliação final dos seus alunos quando ainda não os conhece verdadeiramente; tentando atingir níveis de positivas definidos no geral de uma escola, sem que se tenha em conta a especificidade da disciplina e o próprio aluno em causa; determinando o número de dias que poderá ficar doente, ter um acidente, o número de pessoas de família próxima que possam falecer, o número de aulas a que terá de faltar porque é necessário auxiliar um pai ou uma mãe que adoeceram, o número de dias em que nevará (se for esse o caso) e não poderá ir para a escola e até o número de dias em que se vai baldar porque nasceu resolveu casar ou nasceu um filho; e finalmente, terá de prever que realizará formação, fora do seu horário de trabalho, se necessário paga do seu bolso e sem garantias de ser reconhecida);
c)entregar uma ficha de auto-avaliação (em reunião com o seu coordenador de departamento (que até poderá ser de área disciplinar diferente e ter menos formação académica), na qual deverá reflectir sobre o grau de cumprimento dos seus objectivos, justificando o porquê de o menino que nunca veio às aulas ter tido negativa e tentando fazer ver a quem de direito que o facto de o menino ter abandonado a escola não tem que ver consigo mas com o facto de (apesar de ter sido contactada a cpcj da situação do aluno) a mãe do aluno ter resolvido que ele iria trabalhar para ajudar no orçamento familiar; ficha em que se deve referir os relatórios de todas as actividades interdisciplinares em que o professor participou, actividades que o professor organizou, colegas com que colaborou bem como todo o trabalho desenvolvido seja em que contexto for... ah, e não esquecer o portfolio que deverá conter todos os instrumentos utilizados pelo professor ao longo do ano no desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, já estou a ver os administradores da portucel a esfregar as mãos de contentamento)
afinal, esta avaliação é simples e não implica trabalho acrescido, é só uma questão de organização.
organizemos então estas tarefas entre os 22 blocos de 45' que temos de leccionar e os intervalos que passamos na escola, mais as horas de almoço de 45' porque é necessário ajudar os alunos que nos encontram nos corredores e atender os encarregados de educação que não têm forma de passar na escola a outra hora. e encaixemos aí também as reuniões de equipa pedagógica dos cef's, onde se tenta arranjar maneira de manter os alunos dentro de uma sala de aula sem que se agridam ou nos agridam a nós, para os podermos despachar com o nono ano porque chumbar agora nem por faltas e é necessário um processo do tamanho da luso-brasileira para que o menino repita o ano.
já agora, deixem lá para depois a correcção dos testes e dos trabalhos de casa que nisto de ser professor basta organizar o trabalho e o dia passa a ter mais umas horas (ninguém te manda estar a trabalhar tão longe de casa e perderes horas em viagens).
sim, peço desculpa por não ter chegado antes à conclusão que é só uma questão de organização, desculpe senhora ministra, se me tivesse ocorrido que a avaliação são apenas 3 passos nem teria perdido um dos (apenas dois) dias por semana em que posso estar com a família para ir ter com os outros 199999 chantagistas desorganizados...
mas, espere lá... eu ainda nem sequer sou professor... já passei por 7 escolas mas agora para saber se sou ou não professor tenho de fazer um exame e ter a nota mínima de 14 para poder aspirar a aceder à carreira! não há problema, eu organizo-me e também consigo isso... afinal, é para isso que recebo tanto dinheiro!
à ministra da educação. sim, estou mesmo a pedir desculpa a maria de lurdes rodrigues por não ter compreendido logo que afinal, e ao contrário do que se pensava, a avaliação é simples, a divisão da carreira distingue o mérito e o professor apenas tem que:
a) dar as suas aulas (segundo as planificações anuais a longo e a médio prazo elaboradas já com o ano lectivo a decorrer e sem os resultados da avaliação diagnóstica; rever as planificações realizadas, tendo em conta o resultado da avaliação diagnóstica efectuada e o respectivo relatório elaborado pelo docente; adaptar as planificações às especificidades de cada um dos seus (130) alunos de forma a conseguir individualizar o processo de ensino-aprendizagem numa sala de aula com 28 alunos; participar nos conselhos de turma de início de ano para conseguir adoptar estratégias interdisciplinares para alunos que ainda não conhece; voltar a reunir em reuniões intercalares para avaliar o ponto de partida da turma e de cada um dos alunos de forma a conseguir motivá-los para as aulas; pelo caminho decidir qual o procedimento a adoptar nas situações relatadas em conselhos de turma disciplinares de alunos que resolveram desrespeitar e insultar professores e colegas e boicotar as aulas (coitadinhos não têm culpa porque vivem em condições familiares deploráveis e isso desculpa tudo); prestar apoio pedagógico acrescido aos alunos que revelam dificuldades (a maior parte das vezes porque não trabalham) e adequar as suas estratégias (baixar a exigência) para os alunos conseguirem atingir os objectivos mínimos constantes dos programas das disciplinas...)
b) preencher uma ficha de objectivos (que contem apenas 21 pontos nos quais se devem definir objectivos individualizados, em instrumentos discutidos e aprovados (ou não), tendo em atenção documentos tão simples como os projectos educativos, os projectos curriculares de turma e os indicadores de medida emanados para a totalidade de uma escola; fazendo a perspectiva do que irá ser a avaliação final dos seus alunos quando ainda não os conhece verdadeiramente; tentando atingir níveis de positivas definidos no geral de uma escola, sem que se tenha em conta a especificidade da disciplina e o próprio aluno em causa; determinando o número de dias que poderá ficar doente, ter um acidente, o número de pessoas de família próxima que possam falecer, o número de aulas a que terá de faltar porque é necessário auxiliar um pai ou uma mãe que adoeceram, o número de dias em que nevará (se for esse o caso) e não poderá ir para a escola e até o número de dias em que se vai baldar porque nasceu resolveu casar ou nasceu um filho; e finalmente, terá de prever que realizará formação, fora do seu horário de trabalho, se necessário paga do seu bolso e sem garantias de ser reconhecida);
c)entregar uma ficha de auto-avaliação (em reunião com o seu coordenador de departamento (que até poderá ser de área disciplinar diferente e ter menos formação académica), na qual deverá reflectir sobre o grau de cumprimento dos seus objectivos, justificando o porquê de o menino que nunca veio às aulas ter tido negativa e tentando fazer ver a quem de direito que o facto de o menino ter abandonado a escola não tem que ver consigo mas com o facto de (apesar de ter sido contactada a cpcj da situação do aluno) a mãe do aluno ter resolvido que ele iria trabalhar para ajudar no orçamento familiar; ficha em que se deve referir os relatórios de todas as actividades interdisciplinares em que o professor participou, actividades que o professor organizou, colegas com que colaborou bem como todo o trabalho desenvolvido seja em que contexto for... ah, e não esquecer o portfolio que deverá conter todos os instrumentos utilizados pelo professor ao longo do ano no desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, já estou a ver os administradores da portucel a esfregar as mãos de contentamento)
afinal, esta avaliação é simples e não implica trabalho acrescido, é só uma questão de organização.
organizemos então estas tarefas entre os 22 blocos de 45' que temos de leccionar e os intervalos que passamos na escola, mais as horas de almoço de 45' porque é necessário ajudar os alunos que nos encontram nos corredores e atender os encarregados de educação que não têm forma de passar na escola a outra hora. e encaixemos aí também as reuniões de equipa pedagógica dos cef's, onde se tenta arranjar maneira de manter os alunos dentro de uma sala de aula sem que se agridam ou nos agridam a nós, para os podermos despachar com o nono ano porque chumbar agora nem por faltas e é necessário um processo do tamanho da luso-brasileira para que o menino repita o ano.
já agora, deixem lá para depois a correcção dos testes e dos trabalhos de casa que nisto de ser professor basta organizar o trabalho e o dia passa a ter mais umas horas (ninguém te manda estar a trabalhar tão longe de casa e perderes horas em viagens).
sim, peço desculpa por não ter chegado antes à conclusão que é só uma questão de organização, desculpe senhora ministra, se me tivesse ocorrido que a avaliação são apenas 3 passos nem teria perdido um dos (apenas dois) dias por semana em que posso estar com a família para ir ter com os outros 199999 chantagistas desorganizados...
mas, espere lá... eu ainda nem sequer sou professor... já passei por 7 escolas mas agora para saber se sou ou não professor tenho de fazer um exame e ter a nota mínima de 14 para poder aspirar a aceder à carreira! não há problema, eu organizo-me e também consigo isso... afinal, é para isso que recebo tanto dinheiro!
mais uma vez, peço desculpa.
10/16/2008
pois... assim não dá mesmo...
sinto-me cansado, muito cansado mesmo e cheio de trabalho...
o ambiente nas escolas está como se sabe.
e tentei saber o que se passava nas escolas onde estive.
e algo me chamou a atenção! uma notícia no arauto, o jornal da escola secundária manuel de arriaga, horta, açores.
"Contrariamente ao que vem sendo habitual, a nossa escola não vai participar este ano nos Jogos Desportivos Escolares. Situação inédita nos últimos quatro anos, em que estivemos representados em todas as fases existentes, em virtude do bom desempenho dos nossos alunos, que nas fases zonais obtiveram o direito a estar presentes nas respectivas fases regionais, que aliás venceram por duas ocasiões.
Seria exageradamente humilde se achássemos que não há também mérito nosso na imagem positiva que a escola criou no contexto do desporto escolar regional, aliás se recuarmos no tempo, podemos lembrar que este ciclo foi iniciado com a organização de uma fase regional em 2003/04, com apenas três semanas de preparação, respondendo positivamente a uma solicitação da Direcção Regional do Desporto, que não possuía outra alternativa para essa fase. Com essa organização conseguimos fazer com que os Jogos entrassem de novo na Escola, facto para o qual muito contribuíram outros colegas, nomeadamente do Departamento de Educação Visual, que fizeram com que aquela organização ainda hoje seja recordada, como um exemplo de
qualidade e singularidade organizativa.
Contrariamente à ideia que em alguns momentos fomos registando, a razão das nossas
participações foi sempre orientada pela consciência que temos da sua importância no conjunto de experiências escolares que os alunos guardam com saudade, na sua passagem pela escola. Foi de facto esta a principal razão que nos fez deslocar às Ilhas de São Miguel (2), Santa Maria, Terceira (2), São Jorge e Pico, em prejuízo da nossa vida particular, abdicando em alguns momentos de fins-de-semana e feriados, aceitando dormir no chão, tendo de lutar por um banho diário que nem sempre foi de água quente, para além da inegável responsabilidade que é enquadrar 36 jovens fora da Ilha.
Hoje, olhamos para trás com um orgulho que se reflecte na forma como os
alunos vêem os Jogos, bem como as amizades que ainda mantêm com os colegas com quem
partilharam momentos de sã competição.
Apesar de tudo o que referimos, e depois de termos evitado esta decisão no ano lectivo anterior, não podemos aceitar mais a nossa participação gratuita numa actividade que nem sempre tem sido valorizada pela escola e que só atingiu um grande envolvimento por parte dos alunos, porque o fizemos gratuitamente, sem pestanejar a desconfortos, e por vezes ausência de reconhecimento interno, pois somente nos eram atribuídas ajudas de custo, que em nada cobriam o elevado trabalho extraordinário que realizávamos fora da Ilha.
Como muita coisa mudou ao nível da lei do trabalho dos professores e a escola não
demonstrou abertura para procurar encontrar uma forma de compensação aos professores
envolvidos, tivemos de interromper um processo do qual muito nos orgulhamos. Aliás, as nossas solicitações nem foram muito elevadas, pois apenas solicitámos o
cumprimento de uma de duas possibilidades: 1) Pagamento simbólico de cinco horas
extraordinárias por professor/funcionário em cada participação 2) Atribuição de um dia ou dois dias férias por cada dia útil ou não útil, respectivamente, em cada participação. Em caso da não aceitação de uma das nossas propostas, deixámos em aberto ao presidente da Escola a possibilidade de nos ser proposto outro meio compensatório, que nunca veio a ser efectivado. Será também importante não
esquecer que nos disponibilizámos para voltar a receber a organização dos Jogos, como forma de celebrar as novas instalações escolares.
Uma vez que não houve abertura para resolver uma situação absolutamente justa,
que não é mais do que um direito de qualquer trabalhador (ser remunerado pelo trabalho extraordinário efectuado), não nos restou outra alternativa que não fosse a de realizar um time-out nas nossas participações, que esperemos venha a abrir uma reflexão que valorize o empenho dos professores na execução da missão da Escola.
Queremos também lembrar que esta situação não é exclusiva da nossa disciplina,
pois achamos que todos os docentes devem ser compensados pelo trabalho extraordinário que efectuam nas saídas com alunos.
Assim, esperamos que quem dirige as instituições educativas perca o hábito de
procurar com rapidez impor as obrigações que as novas leis implicam, sem se lembrar que essas mesmas leis contemplam direitos, que em bom rigor não devem ser esquecidos.
Professores do Departamento de Educação Física"
o ambiente nas escolas está como se sabe.
e tentei saber o que se passava nas escolas onde estive.
e algo me chamou a atenção! uma notícia no arauto, o jornal da escola secundária manuel de arriaga, horta, açores.
"Contrariamente ao que vem sendo habitual, a nossa escola não vai participar este ano nos Jogos Desportivos Escolares. Situação inédita nos últimos quatro anos, em que estivemos representados em todas as fases existentes, em virtude do bom desempenho dos nossos alunos, que nas fases zonais obtiveram o direito a estar presentes nas respectivas fases regionais, que aliás venceram por duas ocasiões.
Seria exageradamente humilde se achássemos que não há também mérito nosso na imagem positiva que a escola criou no contexto do desporto escolar regional, aliás se recuarmos no tempo, podemos lembrar que este ciclo foi iniciado com a organização de uma fase regional em 2003/04, com apenas três semanas de preparação, respondendo positivamente a uma solicitação da Direcção Regional do Desporto, que não possuía outra alternativa para essa fase. Com essa organização conseguimos fazer com que os Jogos entrassem de novo na Escola, facto para o qual muito contribuíram outros colegas, nomeadamente do Departamento de Educação Visual, que fizeram com que aquela organização ainda hoje seja recordada, como um exemplo de
qualidade e singularidade organizativa.
Contrariamente à ideia que em alguns momentos fomos registando, a razão das nossas
participações foi sempre orientada pela consciência que temos da sua importância no conjunto de experiências escolares que os alunos guardam com saudade, na sua passagem pela escola. Foi de facto esta a principal razão que nos fez deslocar às Ilhas de São Miguel (2), Santa Maria, Terceira (2), São Jorge e Pico, em prejuízo da nossa vida particular, abdicando em alguns momentos de fins-de-semana e feriados, aceitando dormir no chão, tendo de lutar por um banho diário que nem sempre foi de água quente, para além da inegável responsabilidade que é enquadrar 36 jovens fora da Ilha.
Hoje, olhamos para trás com um orgulho que se reflecte na forma como os
alunos vêem os Jogos, bem como as amizades que ainda mantêm com os colegas com quem
partilharam momentos de sã competição.
Apesar de tudo o que referimos, e depois de termos evitado esta decisão no ano lectivo anterior, não podemos aceitar mais a nossa participação gratuita numa actividade que nem sempre tem sido valorizada pela escola e que só atingiu um grande envolvimento por parte dos alunos, porque o fizemos gratuitamente, sem pestanejar a desconfortos, e por vezes ausência de reconhecimento interno, pois somente nos eram atribuídas ajudas de custo, que em nada cobriam o elevado trabalho extraordinário que realizávamos fora da Ilha.
Como muita coisa mudou ao nível da lei do trabalho dos professores e a escola não
demonstrou abertura para procurar encontrar uma forma de compensação aos professores
envolvidos, tivemos de interromper um processo do qual muito nos orgulhamos. Aliás, as nossas solicitações nem foram muito elevadas, pois apenas solicitámos o
cumprimento de uma de duas possibilidades: 1) Pagamento simbólico de cinco horas
extraordinárias por professor/funcionário em cada participação 2) Atribuição de um dia ou dois dias férias por cada dia útil ou não útil, respectivamente, em cada participação. Em caso da não aceitação de uma das nossas propostas, deixámos em aberto ao presidente da Escola a possibilidade de nos ser proposto outro meio compensatório, que nunca veio a ser efectivado. Será também importante não
esquecer que nos disponibilizámos para voltar a receber a organização dos Jogos, como forma de celebrar as novas instalações escolares.
Uma vez que não houve abertura para resolver uma situação absolutamente justa,
que não é mais do que um direito de qualquer trabalhador (ser remunerado pelo trabalho extraordinário efectuado), não nos restou outra alternativa que não fosse a de realizar um time-out nas nossas participações, que esperemos venha a abrir uma reflexão que valorize o empenho dos professores na execução da missão da Escola.
Queremos também lembrar que esta situação não é exclusiva da nossa disciplina,
pois achamos que todos os docentes devem ser compensados pelo trabalho extraordinário que efectuam nas saídas com alunos.
Assim, esperamos que quem dirige as instituições educativas perca o hábito de
procurar com rapidez impor as obrigações que as novas leis implicam, sem se lembrar que essas mesmas leis contemplam direitos, que em bom rigor não devem ser esquecidos.
Professores do Departamento de Educação Física"
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