10/16/2008

pois... assim não dá mesmo...

sinto-me cansado, muito cansado mesmo e cheio de trabalho...

o ambiente nas escolas está como se sabe.

e tentei saber o que se passava nas escolas onde estive.

e algo me chamou a atenção! uma notícia no arauto, o jornal da escola secundária manuel de arriaga, horta, açores.

"Contrariamente ao que vem sendo habitual, a nossa escola não vai participar este ano nos Jogos Desportivos Escolares. Situação inédita nos últimos quatro anos, em que estivemos representados em todas as fases existentes, em virtude do bom desempenho dos nossos alunos, que nas fases zonais obtiveram o direito a estar presentes nas respectivas fases regionais, que aliás venceram por duas ocasiões.
Seria exageradamente humilde se achássemos que não há também mérito nosso na imagem positiva que a escola criou no contexto do desporto escolar regional, aliás se recuarmos no tempo, podemos lembrar que este ciclo foi iniciado com a organização de uma fase regional em 2003/04, com apenas três semanas de preparação, respondendo positivamente a uma solicitação da Direcção Regional do Desporto, que não possuía outra alternativa para essa fase. Com essa organização conseguimos fazer com que os Jogos entrassem de novo na Escola, facto para o qual muito contribuíram outros colegas, nomeadamente do Departamento de Educação Visual, que fizeram com que aquela organização ainda hoje seja recordada, como um exemplo de
qualidade e singularidade organizativa.
Contrariamente à ideia que em alguns momentos fomos registando, a razão das nossas
participações foi sempre orientada pela consciência que temos da sua importância no conjunto de experiências escolares que os alunos guardam com saudade, na sua passagem pela escola. Foi de facto esta a principal razão que nos fez deslocar às Ilhas de São Miguel (2), Santa Maria, Terceira (2), São Jorge e Pico, em prejuízo da nossa vida particular, abdicando em alguns momentos de fins-de-semana e feriados, aceitando dormir no chão, tendo de lutar por um banho diário que nem sempre foi de água quente, para além da inegável responsabilidade que é enquadrar 36 jovens fora da Ilha.
Hoje, olhamos para trás com um orgulho que se reflecte na forma como os
alunos vêem os Jogos, bem como as amizades que ainda mantêm com os colegas com quem
partilharam momentos de sã competição.
Apesar de tudo o que referimos, e depois de termos evitado esta decisão no ano lectivo anterior, não podemos aceitar mais a nossa participação gratuita numa actividade que nem sempre tem sido valorizada pela escola e que só atingiu um grande envolvimento por parte dos alunos, porque o fizemos gratuitamente, sem pestanejar a desconfortos, e por vezes ausência de reconhecimento interno, pois somente nos eram atribuídas ajudas de custo, que em nada cobriam o elevado trabalho extraordinário que realizávamos fora da Ilha.
Como muita coisa mudou ao nível da lei do trabalho dos professores e a escola não
demonstrou abertura para procurar encontrar uma forma de compensação aos professores
envolvidos, tivemos de interromper um processo do qual muito nos orgulhamos. Aliás, as nossas solicitações nem foram muito elevadas, pois apenas solicitámos o
cumprimento de uma de duas possibilidades: 1) Pagamento simbólico de cinco horas
extraordinárias por professor/funcionário em cada participação 2) Atribuição de um dia ou dois dias férias por cada dia útil ou não útil, respectivamente, em cada participação. Em caso da não aceitação de uma das nossas propostas, deixámos em aberto ao presidente da Escola a possibilidade de nos ser proposto outro meio compensatório, que nunca veio a ser efectivado. Será também importante não
esquecer que nos disponibilizámos para voltar a receber a organização dos Jogos, como forma de celebrar as novas instalações escolares.
Uma vez que não houve abertura para resolver uma situação absolutamente justa,
que não é mais do que um direito de qualquer trabalhador (ser remunerado pelo trabalho extraordinário efectuado), não nos restou outra alternativa que não fosse a de realizar um time-out nas nossas participações, que esperemos venha a abrir uma reflexão que valorize o empenho dos professores na execução da missão da Escola.
Queremos também lembrar que esta situação não é exclusiva da nossa disciplina,
pois achamos que todos os docentes devem ser compensados pelo trabalho extraordinário que efectuam nas saídas com alunos.
Assim, esperamos que quem dirige as instituições educativas perca o hábito de
procurar com rapidez impor as obrigações que as novas leis implicam, sem se lembrar que essas mesmas leis contemplam direitos, que em bom rigor não devem ser esquecidos.

Professores do Departamento de Educação Física"

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